A Pseudo-Sustentabilidade das Marcas de Instagram

SUSTENTABILIDADE. A palavra “propósito” foi apropriada pela indústria da Moda, mas se perdeu pelo caminho. Cada vez mais, as marcas buscam justificar a sua própria existência pautando seu trabalho na sustentabilidade, porém entregando produtos cada vez menos desejáveis. Assim como moletons em tons de cinza se tornaram sinônimo para a “tendência” genderless, as peças de modelagem mais simples assumiram um espaço de protagonismo em marcas “com propósito”. E o ponto (que deveria ser) mais importante, é esquecido. Não há Moda sem desejo e sem novidade. Não há sustentabilidade sem a sustentação de um dos pilares mais básicos para a manutenção de um sistema ativo. É claro que a maneira como consumimos precisa ser repensada com bastante urgência, mas a particular economia da Moda também precisa girar. Quem disse que paetês ou estampas berrantes não servem como propósito? Talvez, inclusive, sejam ainda mais relevantes e fervorosas em seu contexto específico. Uma Moda vazia, sem a relação entre criador e criatura, o desejo e o fetiche não serve para nada, não comunica e não participa das reais lutas. Ou seja, não tem propósito. É um produto por um produto. Por Mariana de Castro
Foto: Tyler Mitchell (Reprodução Vogue US)